
A Veneta lança no fim de novembro Cuspa Três Vezes (Sputa Tre Volte), obra escrita e ilustrada pelo quadrinista italiano Davide Reviati. O trabalho foi ganhador dos prêmios Micheluzzi, Boscarato e Lo Straniero e finalista do Festival de Angoulême.
Dentro deste livro, temas e tempos se sobrepõe, se tocam, se entrelaçam. Davide Reviati fala da amizade, da época da adolescência e do seu fim. Mas também dos preconceitos, da crueldade, do medo do diferente, da fragilidade humana e das dores do amadurecimento. E o seu olhar intenso e poético torna-se universal para narrar, juntamente com o cotidiano provinciano, um pedaço da trágica história do povo cigano, perseguido sob todos os céus.
Cuspa Três Vezes gira em torno de Guido, Moreno (conhecido como “Grisù”) e Katango, um grupo de jovens que cresceram juntos no subúrbio rural. Eles frequentam a escola sem qualquer entusiasmo e seu tempo é feito de bares, bilhar, passeios de carro e noites esfumaçadas à beira do rio.

Uma família de nômades eslavos vive nas proximidades, em uma casa em ruínas. “Os ciganos, todos ladrões e sem Deus”, dizem os vizinhos, com desprezo. Entre os ciganos, está Loretta, uma menina selvagem, uma criança velha ou uma bruxa…
Ambos, os “gajes” (como são chamados os não ciganos) e os ciganos, confiam mais no corpo e nos gestos do que nas palavras. Continuam a circular para não parar e pensar, repetem seus ritos por instinto de sobrevivência. E o leitor é convidado a olhar e imaginar cenas nunca vistas, pensamentos nunca ditos.
No apêndice, uma biografia em quadrinhos da poeta nômade polonesa Bronislawa Wajs, a escritora que tentou se equilibrar entre o mundo cigano e o dos gajes. Capa cartonada com 568 páginas.